segunda-feira, 15 de março de 2010

Carnaval às Avessas

A banda silenciou.
O carnaval acabou.
Restamos eu e a quarta-feira.
Em cinzas.
Mas limpos, sem cadeira ou mesa reviradas.
Sem confete espalhado.
Sem serpentina, sem cacos.
Tudo muito limpo...

Mas um cheiro, acre e profundo.
Um cheiro que fere minhas narinas e
minha alma.
Um cheiro de vômito.
De todos os vômitos, tudo invade.

E tudo se converte em cinza,
naquela cor onde a dor parece mais fecunda.
Se multiplica...
Vivo monocromático!

Espero ansioso por outro carnaval.
Outro rufar de tambores.
Outra alegria.
Outros amores.
Mas meu fuso é diferente.
Meu tempo passa muito lento.
(Não aguento)
Enquanto isso,
sinto aquele cheiro, aquela dor, aquela cor.

0 comentários: