domingo, 18 de janeiro de 2015

Endereço






Onde você mora?


Minha casa é ali
naquela esquina ou na outra
onde o vento correr mais forte

Minha casa é onde
as montanhas espremem o céu
ou onde o céu,
pesado e deslumbrante,
caiado de cores vibrantes,
achatam as montanhas

Minha casa
tem janelas abertas pro riacho
tem portas que dão para o mar
tem claraboia para as estrelas

É onde a chuva cai torrencial
ou mais suave
acariciando a face
onde a brisa d'aurora refresca a alma

Minha casa é ali
onde a felicidade resolveu ficar!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Cosmogonia


Quando vier que seja inteiro
Quando vier que deixe suas roupas
                                       Suas máscaras
Venha nu, com os pés no chão
Sentindo a maciez ou dureza do chão

Estarei aqui sem filtro
Com todo meu mundo a recebê-lo
Longitude e latitude
Céus e mares
Porto aberto
Ancoradouro de enseada fácil

Árvores mágicas
Flores encantadas
Perfumes desconhecidos
Inebriam-nos

Meu mundo transformado
Nova gênesis
Uma cosmogonia fantástica
Em um horizonte colorido

Abra seus braços
E faremos um mundo

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sentimentos que somente um fado pode expressar!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Manutenção



Este velho robô
está em manutenção
Foi pedir ao oleador
que azeite suas juntas

Está cansado
Seus olhos secos
Suas mãos trêmulas

Portanto se me quiseres
Procura outro meio
Grita meu nome ao me veres na rua
Condena às chamas
a Floresta da Tijuca:
teu sinal de fumaça

Sairei por aí, à espera
Mas se ainda assim nada acontecer
É porque aqueles dois sóis
que ardem à noite
vagando pelo céu infinito
foram predestinados a nunca se tocarem
E um deles, em um momento de desespero
despercebido de toda existência
silenciosamente
numa noite mais triste  e escura
transformar-se-á em estrela cadente
traçando sua última parábola
apagando-se na eternidade

domingo, 21 de outubro de 2012

Sob a chuva

Quero dias tranquilos
Quero lugares calmos
Quero sentir o tempo passar sem pressa
Ver toda tarde folgada
A sombra do abacateiro rodar o mundo
E a videira a nos esconder sob sua folhagem

Quero outro tempo
Um dilatar de horas, minutos, segundos...

Sinto vontade de banho de chuva
Do cheiro da terra molhada
De dar cambalhota no pessegueiro

Voltar a ser menino e correr de pé no chão

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ventania

Um vento forte guiou meu olhar
Apertei os olhos
prendi a respiração

Barulho, confusão, alucinação
a chuva caiu forte
A terra inverteu sua órbita!

De tudo, restaram pedaços
Não formam nada
Pedaços perdidos
Pedaços vazios de sentido

Então ouvi uma voz
Um murmúrio
A brisa sussurrou seu nome!
Mas ninguém chegou...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Laços

Entre nós, nós.
Entre nós, um oceano.
Entre nós, uma vida.
Entre nós, uma descoberta.

Entre nós, mistérios.
Entre nós, fuga.
Entre nós, desculpas.
Entre nós, vazio.

Entre nós, canção.
Entre nós há um verbo!