sábado, 23 de janeiro de 2010

Aqueles Dois

Assisti a uma peça muito boa no CCBB (valeu, Lenilton!) e a recomendo: Aqueles Dois. Conta a história de dois homens, Raul e Saul, que trabalham em uma repartição e descobrem que têm muito em comum. Nasce uma grande amizade incompreendida pelos colegas de trabalho. Em certos momentos temos a impressão de que ocorrerá de fato uma relação homossexual, mas não é isso o que acontece - em uma cena eles ficam nus, e o autor parece querer dizer: "eles poderiam fazer o que quisessem, mas a questão não é sexual!" Lembrei-me do filme Telma & Louise, da amizade das duas até a morte! No entanto a história de Raul e Saul é bem diferente. Emociona e é também muito divertida.
Há outros personagens, mas os dois são os onipresentes protagonistas, representados por quatro atores - ora um é Saul, ora é Raul, sem ordem alguma. Às vezes há dois Raul e dois Saul ao mesmo tempo! Muito interessante a direção. Confiram! Até 28 de fevereiro, é preciso comprar os ingressos com antecedência.

Serviço:
Local: Teatro CCBB III
Preço(s): R$ 10,00.
Data(s): 08 de janeiro a 07 de março de 2010.
Horário(s): Quarta a domingo, 20h.

Navio Negreiro

Ouvindo Caetano, que musicou parte de Navio Negreiro, de Castro Alves, quis postar aqui. A profundidade do tema dá mais força a esse poema perfeito. Apenas trechos finais:

"

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
"

(poesia completa: http://www.culturabrasil.pro.br/navionegreiro.htm )

E o vídeo:


Fez-se Mar!

Desprendeu-se da grande mãe.
Contra a vontade,
É verdade.
Estava tão bem!
Junto aos seus.

Desprendeu-se da grande mãe.
Bastou uma simples brisa
E seu caule tão frágil
Rompeu-se!

Ainda olhou para o alto,
Viu suas irmãs,
Viu o talo vazio,
Viu o seu lugar.

Lugar que lhe pertenceu
De onde deu sombra
De onde deu verde e alegria
De onde ouvia a cantar os pássaros.

Carregada pelo vento,
A dançar pelos ares,
A sentir frio na barriga,
Se barriga tivesse,
A pequena folha pousou calma na relva.

A brisa lhe trouxera o cheiro do mar...

E um cheiro de chuva...
Sente seus pingos!
No alto da grande mãe,
Era uma alegria senti-los:
Festa para os sentidos
(que não os possuía)

Mas agora, teme o futuro
O que há além do muro?

A relva transforma-se em filete d'água.
O filete, em córrego.
Do córrego ao rio,
Do rio à foz,
Da foz ao mar!

Ela vai ao seu encontro
Agora sem medo,
Nele mergulha, está no mar!
Desfez-se em mar!
Fez-se mar!

Greve!

A cirene, apenas um bit
Um impulso eletromagnético
Determina o movimento

Rodo o motor, 30 graus
Aciono a alavanca, 43 graus
Injeto, 30 ml

Aciono a alavanca, zero grau
Rodo o motor, zero grau

Chega. Parei! O robô está em greve!

Acreditemos!

É, meu Arcanjo,
Quando tudo vai embora
Quando tudo escapa pelos teus dedos
Quando o futuro é tão incerto.
Continuemos a acreditar!

Quando as peças não se encaixam
Quando tudo nos irrita e fatiga
Quando tudo nos confunde
Continuemos a acreditar!

Acreditemos que após a curva
Um lindo sol despontará
Acreditemos que, a caminhar,
Encontraremos flores perfumadas

Acreditemos em nossa juventude
Acreditemos em nosso poder
Acreditemos na vida!

Continuemos a acreditar!
E do teu beijo...
Do teu beijo não me esquecerei!