sábado, 23 de janeiro de 2010

Fez-se Mar!

Desprendeu-se da grande mãe.
Contra a vontade,
É verdade.
Estava tão bem!
Junto aos seus.

Desprendeu-se da grande mãe.
Bastou uma simples brisa
E seu caule tão frágil
Rompeu-se!

Ainda olhou para o alto,
Viu suas irmãs,
Viu o talo vazio,
Viu o seu lugar.

Lugar que lhe pertenceu
De onde deu sombra
De onde deu verde e alegria
De onde ouvia a cantar os pássaros.

Carregada pelo vento,
A dançar pelos ares,
A sentir frio na barriga,
Se barriga tivesse,
A pequena folha pousou calma na relva.

A brisa lhe trouxera o cheiro do mar...

E um cheiro de chuva...
Sente seus pingos!
No alto da grande mãe,
Era uma alegria senti-los:
Festa para os sentidos
(que não os possuía)

Mas agora, teme o futuro
O que há além do muro?

A relva transforma-se em filete d'água.
O filete, em córrego.
Do córrego ao rio,
Do rio à foz,
Da foz ao mar!

Ela vai ao seu encontro
Agora sem medo,
Nele mergulha, está no mar!
Desfez-se em mar!
Fez-se mar!

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