quinta-feira, 17 de junho de 2010

Madame Bovary

Terminei de ler o clássico da literatura mundial Madame Bovary, do francês Gustave Flaubert. Incrível como o autor consegue, a partir de um enredo relativamente simples, criar uma obra tão esplêndida. A história conta a vida de Charles Bovary, do seu nascimento à sua morte. Mas a protagonista sem dúvida é sua esposa, Emma, uma típica romântica que não se conforma com sua pacata vida doméstica, vida de esposa do médico de uma pequena cidade do interior francês, dos idos de 1850. O autor confronta o romantismo de Emma Bovary com a crua realidade. Para escapar à rotina e ao tédio, ela se entrega a um "cavalheiro", vendo nele seu príncipe. Sonha com heroísmo, uma vida emocionante em algum país exótico, onde a paixão e o amor nunca acabariam. Mas o amante a abandona na véspera da planejada fuga. Emma se desespera e adoece; seu marido, para atendê-la em todos os seus caprichos, afasta-se de seu trabalho e deixa-se endividar. Após convalescer-se e passado algum tempo, Emma arranja outro amante, mas acaba por enxergar a mediocridade dele. Ela passa, então, a gastar muito mais do que possui, engana seu marido (além de traí-lo) também no aspecto financeiro, fazendo-o assinar procurações e promissórias - dinheiro que gasta em extravagâncias com seu amante. Por fim, o principal comerciante que lhe financia protesta suas dívidas e seus pertences vão à leilão. Atônita com a verdade que fatalmente virá à tona, ela comete suicídio. Charles, que ainda a ama loucamente, inaltece sua mulher até que, vasculhando um baú escondido no sótão, descobre as cartas de amor recebidas por Emma. Ele morre de desilusão.
O livro é triste e emocionante, o autor consegue magistralmente mostrar as angústias de Madame Bovary. Ele ataca o ideal romântico, enfatizando seus limites e questionando a veleidade das paixões.

Situações da Vida Privada - Fazendo uma Visita

_ Olha você fez torrada, há quanto tempo não como torrada - disse eu.

_ Estão fresquinhas, fiz agora.

_ Com manteiga fica uma delícia.

E como, como, como.... nhan.. nhan... nhan...

_ Estão muito boas estas torradas - elogiei eu.

_ É mesmo?! Que bom. Esse pão já estava rolando aqui na cozinha havia uns 20 dias!

_ ...

Ops!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Fotovoltaica

Algumas palavras têm vida própria, não pertencem a quem as pronuncia. Um exemplo: babalorixá! É uma palavra que sai de nossa boca, escorregando por nossos lábios e vai bater violentamente na face do ouvinte. Babalorixá! Há de se ter cuidado para que um perdigoto não a acompanhe! Existem outras assim... (Balabanian, da Aracy, não conta, é nome próprio e, a não ser que se torne tão comum quanto Silva, cairá no esquecimento). Entretanto, há uma que eu gostaria de destacar: fotovoltaica! Ela tem rima e ritmo dentro de si mesma. Eu a registro aqui com receio de que, se a utilização das placas fotovoltaicas tornar-se popular, arranjem-lhe um sinônimo, quem sabe estrangeiro, e ela se perca. Então, se acaso no futuro algum internauta ao pesquisar Voltaire erre na digitação, o Google poderá lhe sugerir "você quis dizer voltaica?". Quem sabe o incauto internauta seja direcionado para este blog que, por fim, não lhe dirá nada sobre o que é fotovoltaica!

Caminhos

Caminhou, caminhou, caminhou
E ao caminhar, perdia-se

Caminhou, caminhou, caminhou,
E ao caminhar, fundia-se

E ao caminhar, sentia
No olhar, toda amargura
No peito, toda solidão
Na face, marcas profundas
Reflexos da decepção!

Mademoiselle Chambon

Um filme do qual gostei bastante foi Mademoiselle Chambon. Efetivamente uma obra de arte. Leeeennnnnto, mas impressionante. Aquele tipo de filme em que os diálogos não são como uma partida de ping-pong, mas os personagens dão o tempo necessário a uma reflexão mais profunda sobre o que ocorre em suas vidas. Claro que ele não se passa em uma metrópole, mas em uma cidadezinha francesa. Sim, o filme é francês e, ao contrário de muitas produções conterrâneas, não é verborrágico. Falo de Mademoiselle Chambon também por conta da trilha sonora, que é muito boa. Uma das canções é Septembre, de Barbara:



Jamais la fin d'été n'avait paru si belle.
Les vignes de l'année auront de beaux raisins.
On voit se rassembler, au loin les hirondelles
Mais il faut se quitter. Pourtant, l'on s'aimait bien.

Quel joli temps pour se dire au revoir.
Quel joli soir pour jouer ses vingt ans.
Sur la fumée des cigarettes,
L'amour s'en va, mon cœur s'arrête.
Quel joli temps pour se dire au revoir.
Quel joli soir pour jouer ses vingt ans.

Les fleurs portent déjà les couleurs de Septembre
Et l'on entend, de loin, s'annoncer les bateaux.
Beau temps pour un chagrin que ce temps couleur d'ombre.
Je reste sur le quai, mon amour. A bientôt.

Quel joli temps, mon amour, au revoir.
Quel joli soir pour jouer ces vingt ans.
Sur la fumée des cigarettes,
L'amour nous reviendra peut-être.
Peut-être un soir, au détour d'un printemps.
Ah quel joli temps, le temps de se revoir.

Jamais les fleurs de Mai n'auront paru si belles.
Les vignes de l'année auront de beaux raisins.
Quand tu me reviendras, avec les hirondelles,
Car tu me reviendras, mon amour, à demain...

O Trovador

Assisti à ópera O Trovador no Teatro Municipal (RJ) com alguns amigos. Após a reforma, o Municipal está realmente lindo, lindíssimo! Todas as cores e formas parecem saltar aos nossos olhos e a vontade que temos é, terminado o espetáculo de 2:30h, permanecer lá. E foi o que fizemos por alguns minutos.
A ópera em si fascinou-me pela grandiosidade da montagem: uma orquestra maravilhosa, tenores, sopranos, contraltos, etc com vozes portentosíssimas; muitos artistas no palco, malabarismos cênicos que não se comparam a nenhum filme 3D! A música clássica não é o meu forte, mas com toda essa produção fiquei de fato encantado. A ópera é difícil de entender... imagino que, como uma arte maior, exija uma longa curva de aprendizado. Para dizer se gosto de um filme ou peça teatral, pergunto-me se o(a) veria novamente ou o(a) recomendaria a alguém... - loucura minha, uma das muitas - ... A ópera O Trovador eu veria novamente, mas a recomendaria a poucos mortais que conheço que têm grande sensibilidade musical.
Descontando alguns contratempos menores que ocorreram naquele dia, foi uma noite maravilhosa!